Estudando os
Evangelhos e o livro de Atos, eu encontrei um movimento comum que ocorreu no
ministério do Senhor, dos apóstolos, de Barnabé, de Paulo, e assim sucessivamente.
Existe ali uma clara cadeia de discipulado que começa com o Senhor Jesus e vai
até Priscila e Áquila, Timóteo, etc. Mas como isso se sucedeu? Vejamos... O
modelo de liderança de Jesus Primeiro veio o Senhor Jesus, que saiu de sua
“terra” e veio até nós, certo? Pois logo no início do seu ministério Ele toma
uma decisão muito importante que se torna o cerne de sua jornada: fazer
discípulos. E ele fez, começando por Pedro e André: “E Jesus, andando ao longo
do mar da Galiléia, viu dois irmãos -Simão, chamado Pedro, e seu irmão André,
os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes: Vinde após
mim, e eu vos farei pescadores de homens. Eles, pois, deixando imediatamente as
redes, o seguiram.” (Mt 4.18-19) Logo depois Jesus chama a Tiago e João: “E,
passando mais adiante, viu outros dois irmãos -Tiago, filho de Zebedeu, e seu
irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou.
stes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.” (Mt 4.21-22)
Destes versículos já podemos tirar grandes lições: a primeira é que o líder
deve chamar seus seguidores. A segunda é que os discípulos devem deixar tudo
para trás, e seguir seu líder. O discipulado de sucesso é aquele que o líder
chama seu liderado e este o segue imediatamente, deixando tudo para trás. O que
isso significa? Significa que o líder adota o discípulo como um filho,
assumindo-o em todas as responsabilidades e condições. Onde estavam Pedro e
André? No barco, trabalhando... e o barco ficou para trás. E agora, quem paga
as contas? O líder! Onde estavam Tiago e João? No barco do pai, trabalhando...
e o barco e o pai ficaram para trás! E agora, quem é o pai deles? O líder,
Jesus. Mas e nós, estamos chamando nossos seguidores para assumirem um
discipulado a esse nível? Estamos dispostos a pagar as suas contas, a cobri-los
como pais espirituais e torná-los nossos filhos? Jesus tornou-se pai dos seus
discípulos (Jo 21.5). Eu imagino que Pedro, André, Tiago e João tomaram essa
decisão radical porque sentiram firmeza em quem os estavam chamando. Isso é
muito sério! Quando eu decidi tornar-me discípulo do meu pastor, ele por sua
vez me adotou como filho, e não somente eu, mas minha esposa e minhas filhas
também. Ele me sustentou, me apoiou e dividiu o prato comigo e com minha
família. Até hoje comemos na mesma mesa e, se necessário, comemos no mesmo
prato. Essa é a confiança que eu tenho no meu pastor. Esse é o caráter de um
líder como Jesus. Ele assume o papel de pai, torna-se pai mesmo. Mas e nós,
estamos transmitindo a mesma confiança a nossos liderados? Será que eles
confiam em nós a tal ponto? Esse é um bom sinal: “eles, pois, deixando
imediatamente as redes, o seguiram”. O discipulado de sucesso começa com o líder
em ser verdadeiramente pai dos seus discípulos; e termina com os discípulos em
confiarem totalmente em seu líder e o seguirem. Vejam o exemplo de Levi em Lc
5.27-28: “Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu”. Ser seu discípulo tem
que valer a pena, senão ninguém te seguirá. Primeiro o líder chama os seus
seguidores e os adota, mas depois disso ele deve treinar e capacitar os seus
liderados. Vejamos o exemplo do Senhor Jesus: “Jesus, pois, vendo as multidões,
subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, e Ele se pôs a ensiná-los...” (Mt 5.1-2) E ali o
Senhor ditou o sermão do monte, e também deu várias advertências e ensinos aos
discípulos. Ou seja, Ele ensinou, treinou e capacitou os discípulos. Os seus
liderados devem receber de você o ensino, eles tem que conhecer a sua voz,
sentir o seu ritmo, eles têm que conhecer até mesmo a batida do teu coração!
(Jo 21.20). Você sabe como é que as ovelhas passam a conhecer a voz do pastor,
ao ponto de sentirem a batida do seu coração? Quando ele as carrega no colo,
encostadas em seu peito. Será que nossas ovelhas têm sentido o nosso calor? Ai
irmãos! Os teus discípulos têm que se sentir preparados e confiantes para a
missão que virá a seguir. Eles têm que sentir que o seu ensino é verdade, senão
eles não acreditarão em
você. Eles têm que se sentir sustentados em teus braços,
senão não valerá a pena obedecer quando você os chamar para a missão. Após
tê-los dado o treinamento necessário, Jesus os envia para um teste prático no
campo: “E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade...” (Mt
10.1) “A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções...” (Mt
10.5) “Eis que vos envio...” (Mt 10.16) Vejam que está muito clara a cobertura
que o Senhor deu aos seus liderados: Ele os enviou dando lhes autoridade,
respaldo, Ele confiou em seus discípulos. E eles foram com a certeza de que o
Senhor está os cobrindo. Vejam que Jesus os instruiu perfeitamente sobre a
missão. Ele não os lançou num “buraco negro” ou numa fogueira. Eles sabiam
exatamente o que tinham que fazer, porque o Mestre foi muito claro em
transmitir-lhes a ordem. Discipulado é isso: os liderados conhecem o teu
coração, eles entendem a tua mensagem e seguem a sua ordem porque a tua
liderança está muito clara e transparente, a tua mensagem está nítida e eles
estão reconhecendo em você um líder que vale a pena seguir. Se a sua liderança
não estiver acontecendo dessa forma, é hora de reavaliar a sua forma de liderar
seus discípulos. E, depois de tudo isso, no retorno da missão, o Senhor os
recepciona para um momento a sós, em comunhão: “Reuniram-se os apóstolos com
Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Ao que ele lhes disse:
Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram
muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer. Retiraram-se,
pois, no barco para um lugar deserto, à parte.” (Mc 6.30-32) Outro segredo na
liderança de Jesus: nós líderes devemos ser um porto de refúgio para os nossos
liderados. Eles devem encontrar em nós um coração preocupado com eles, um
refúgio mesmo. Se eles estão cansados, eles têm que encontrar em nós o
descanso. Lembra do Salmo 23? “Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me
mansamente a águas tranqüilas” (v. 2). Você tem guiado seus discípulos a pastos
verdejantes e a águas tranqüilas? Pois o Senhor Jesus fez isso com os seus
discípulos, e nós devemos fazer o mesmo também. E agora, no final, quando os
discípulos já estão prontos, o Senhor Jesus definitivamente os envia para serem
líderes como Ele foi e a fazerem o mesmo que Ele fez. Primeiro Ele chamou,
depois ensinou, treinou e os capacitou, depois levou-os para o teste prático
dando-lhes autoridade e, finalmente, os ordenou para a missão da Igreja: “E,
aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:Foi-me dada toda a autoridade no céu
e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
a consumação dos séculos.” (Mt 28-18-20) “Mas recebereis poder, ao descer sobre
vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em
toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra. Tendo ele dito estas
coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu,
ocultando-o a seus olhos.” (At 1.8-9) Pastores, tentem me compreender com
espírito manso e humilde. É aqui que nós estamos cometendo os piores erros com
os nossos liderados, não depositando sobre eles a confiança que eles merecem
após eles mesmos terem depositado toda a confiança em nós como pastores, como
líderes que vale a pena seguir. Nós não estamos formando apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres, mas estamos formando gerentes de filial,
suplentes, substitutos de ocasião. Não foi isso que o Senhor Jesus fez! Ele
subiu aos céus, Ele voltou para casa! E Ele confiou totalmente nos seus
discípulos, tornando-os apóstolos e entregando-lhes as chaves do Reino aqui na
Terra. Agora era com eles; o Senhor dependia da fidelidade deles, mas Ele
chamou, ensinou, treinou, e agora enviou mesmo! Se deu certo com os apóstolos,
por que não daria com os nossos melhores líderes? “Dar-te-ei as chaves do Reino
dos céus...” (Mt 16.19) Ele disse para Pedro. Ele deu para Pedro essas chaves,
e continua dando essas chaves a nós até hoje, mesmo não merecendo. Ele acredita
em nós assim como acreditou em
Pedro. Por que não faríamos o mesmo com nossos discípulos?
Não faríamos o mesmo somente se não acreditássemos em nossa própria liderança.
Eu e você precisamos ser humildes para reconhecer e mudar. O modelo de
liderança dos apóstolos na vida de Paulo A história de Deus na vida de Paulo
começa com o martírio de Estêvão. Ele estava ali e vendo tudo aquilo, e
consentiu com a morte daquele homem (At 7.56-60). A história segue narrando a
fúria que Saulo nutria contra os cristãos (At 9.1-2) quando Ele se pôs no
caminho de Saulo, e a história mudou (At 9.3-4). Mais uma vez Jesus atua dentro
do seu chamado missionário para mudar a história, antes na vida dos apóstolos,
e agora na vida deste que foi o maior homem de Deus narrado no Novo Testamento.
O bastão foi passado (At 9.15-16). Saulo se converteu. Então Paulo torna-se
discípulo de Ananias, seu primeiro pastor (At 9.18-19). Depois de muitos dias,
Paulo vai até Jerusalém para aprender com os apóstolos (At 9.26-27). Agora seu
discipulado foi com aqueles que foram testemunhas oculares da história de Jesus
na Terra; aqueles que aprenderam diretamente com o Mestre. Provavelmente foi
aqui que Barnabé conheceu a Paulo, e este passou a ser discipulado diretamente
por Barnabé, seu principal discipulador como vimos anteriormente. Agora Saulo
torna-se discípulo de Barnabé, e este o leva para Cesaréia e também para Tarso,
cidade natal de Saulo. Desde Damasco, quando Paulo ainda era discípulo de
Ananias, ele prega e exerce o seu chamado – ou seja, já foi logo praticando
tudo o que aprendeu. Lembra quando o Senhor comissionou os discípulos para
“treinarem”? (Mt 10). Saulo está treinando... Quando Barnabé retorna de
Antioquia para Tarso à procura de Saulo, este é levado por Barnabé para
Antioquia, e ali o discipulado de Barnabé na vida de Saulo tornou-se ainda mais
intenso, aprendendo e praticando também em Antioquia (At 11.26). Um ano depois,
estando Barnabé e Saulo servindo e jejuando na Igreja de Antioquia, o Espírito
os chama para, enfim, cumprirem o chamado apostólico (At 13.1-2). É o Espírito
Santo quem os envia. Observe que ocorreu na vida de Saulo o mesmo crescimento
que houve na vida dos apóstolos: chamado – aprendizado – treinamento –
ordenação. Agora ele é chamado e guiado pelo Espírito Santo para a obra, mas
continua tendo um pastor sobre a vida dele. Mas observe também que Barnabé é o
primeiro nome entre os profetas e mestres de Antioquia, e Saulo é o último.
Saulo agora é apóstolo, mas o discipulado não termina aqui. O que eu aprendo
com isso? Que não existe nenhum relato bíblico que nos mostre que Barnabé ou
outro líder da igreja exercia governo sobre o ministério de Paulo – é o
Espírito Santo quem edifica a Igreja – mas Paulo continua tendo um pastor que
cuida dele, para que ele cumpra o seu chamado: “Separai-me agora, para a obra
que os tenho chamado”.
Da mesma forma que o
Senhor Jesus formou os apóstolos, Paulo também foi formado: 1. chamado – 2.
ensino – 3. treinamento – 4. ordenação.
Seria o modelo de
liderança de Paulo na vida de Áquila e Priscila, esse “seminário do Espírito Santo”,
a única coisa que Paulo aprendeu a fazer? Foi o que ele aprendeu com os
apóstolos, que por sua vez aprenderam com o Senhor Jesus: Ir e fazer discípulos
de todas as nações, pregar o Evangelho a toda criatura, desde Jerusalém,
Samaria e toda a Judéia, até os confins da Terra. Foi isso o que ele aprendeu,
e foi somente isso o que ele fez. Em todo o seu ministério, desde At 13.1 até
2Tm 4.6, Paulo apenas cumpriu a ordem dada pelo Senhor Jesus em Mt 28.19-20, Mc
16.15, Lc 24.47 e At 1.8 . Podemos notar o mesmo modelo de formação de
discípulos também na vida de Áquila e Priscila. Em At 16.1-5, depois do
episódio de separação entre Paulo e Barnabé, um discípulo se sobressai:
Timóteo, e Paulo o adota como filho em seu ministério (lembram de Jesus, que
adotou os apóstolos? E de Barnabé, que adotou a Saulo?). E em todas as viagens,
em todas as cidades e igrejas que Paulo estabelece, Timóteo o segue como fiel
discípulo. É o discipulado de Jesus se repetindo também no ministério de
Timóteo... Mas em At 18.1-4, quando Paulo chega a Corinto, ele conhece o casal
Áquila e Priscila. Como Paulo e Áquila são do mesmo ofício, os dois passam a
trabalhar juntos. Paulo permaneceu em Corinto por um ano e seis meses,
ensinando entre eles a palavra de Deus (At 18.11). O livro de Atos não relata
com detalhes, mas podemos entender que um discipulado direto de pai para filho
se iniciou ali entre Paulo e o casal Áquila e Priscila.
Quando Paulo
posteriormente escreve para a igreja de Corinto, ele saúda a Áquila e Priscila,
e a igreja que está em sua casa (1Co 16.19).
Aqui Paulo escolheu os discípulos e os ensinou. Depois de um ano e meio, quando
Paulo viaja para Éfeso, ele leva consigo Priscila e Áquila, para juntos
estabelecerem naquela cidade uma igreja (At 18.18-19). Uma igreja foi
estabelecida em Corinto através de Paulo, onde eles foram evangelizados e
ensinados. Agora, em Éfeso, Paulo estabelece uma igreja com a assistência de
seus dois “filhos” Áquila e Priscila. Observem o detalhe do versículo 19:
“chegados a Éfeso, deixou-os ali...”. Paulo confiou totalmente em Áquila e
Priscila para estabelecerem aquela igreja! Paulo estava sempre por perto,
ajudando e observando, mas aquele era o “teste prático” de seus discípulos, e a
Igreja de Éfeso foi estabelecida. Notem o mesmo movimento: primeiro Paulo os
escolheu; depois ele os ensinou; depois os levou para o treinamento prático em
Éfeso; e agora chegou a hora dar-lhes autoridade... A Bíblia novamente não nos
conta os detalhes, mas podemos entender que a Igreja de Roma não foi
estabelecida por Paulo (Rm 1.11 e 15) e a saudação final na carta aos Romanos
revela que a igreja reunia-se na casa de Áquila
e Priscila (Rm 16.3-5). Eu te pergunto: quem mais poderia ter estabelecido a
igreja de Roma? Com o fato dessa igreja reunir-se na
casa de Áquila e Priscila, e isso só poderia ter ocorrido após o
treinamento deles em Éfeso, eu entendo que somente eles poderiam ter
estabelecido a igreja de Roma (no contexto do ministério de Paulo), mas sem o
Ap. Paulo. Em algum momento não revelado na Bíblia, Áquila e Priscila foram
ordenados para o ministério, e foram para Roma. Por quê Roma? Primeiro porque
eles já haviam morado lá (At 18.2). Eles conheciam a cidade, os costumes, as
pessoas de lá. Segundo: Roma era na época a capital do mundo, e estabelecer uma
igreja lá seria fundamental para prosseguir a ordem do Senhor: “...até os
confins da Terra”. Roma seria a cidade de onde a igreja iria alcançar
definitivamente os confins da Terra. Por que Paulo não foi para Roma com Áquila
e Priscila? Porque após a terceira viagem Paulo vai a Jerusalém para a festa de
Pentecostes (At 20.16; Rm 15.25), onde foi preso conforme a revelação de Ágabo
(At 21.10-13; 21.17...). Então os seus melhores discípulos, que aprenderam,
foram treinados e aprovados, e que já conheciam os costumes locais, sem dúvida
foram os mais indicados para essa obra. “E à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua casa”(Fl.12). “Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia e a Ninfa
e à igreja que está em sua casa.” (Cl. 4:5). O local de ensino e treinamento será sempre
a casa e nunca a instituição. A instituição é lugar para comunhão e repartir o
pão!
Paulo tinha toda a
confiança que eles fariam um excelente trabalho. Completou-se o discipulado de
Paulo na vida de Priscila e Áquila: de discípulos a apóstolos. Assim como
Paulo, Barnabé e os apóstolos. Lembra-se de Timóteo, que Paulo o havia chamado
para seguir com ele? Pois Timóteo serviu no ministério de Paulo na segunda e na
terceira viagem missionária, sendo posteriormente enviado juntamente com Silas
(que também tornou-se discípulo de Paulo) para a Macedônia, depois do
treinamento, tornou-se o pastor da igreja em Listra (ver At 16.1-2; 1Tm 1.1-2;
2Tm 3.11). E assim foi durante séculos: homens fiéis ao chamado original, têm
entregado suas vidas para que o Evangelho chegasse até nós. Uma advertência: E
nossas igrejas, com 200, 500, mil membros ou mais... Temos formado nossos
“membros de igreja” em discípulos de Jesus? Temos ensinado nossos líderes a
ouvirem a voz do Espírito Santo, chamando-os para a Sua obra? Ou temos
fabricado gerentes de filiais, robôs programados para fazerem a nossa vontade,
e não a ordem do Senhor Jesus? Você, que é um pastor, líder como eu, saiba que
um dia iremos prestar contas de cada um que veio e ingressou em nossas vidas. O
rigor com que os pastores serão julgados será muitíssimo severo; não haverá
misericórdia que nos livre de nossa negligência naquele Dia. Não se dê por escusado,
isso te será inútil diante do Supremo Juiz. Ou nos dedicamos a formar
discípulos parecidos com Jesus ou é melhor escolhermos outra coisa para fazer.
Ainda dá tempo. “Por isso mesmo vos enviei Timóteo, que é meu filho amado, e
fiel no Senhor; o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda
parte eu ensino em cada igreja.” (1Co 4.17) “Tem cuidado de ti mesmo e do teu
ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti
mesmo como aos que te ouvem.” (1Tm 4.16)
UMA GRANDE AMEAÇA:
A TRADIÇÃO DOS HOMENS
“...Acautelai-vos do
fermento dos fariseus...” (Mt 16.6) Agora irmãos, temos que falar de algo que
realmente causa muita oposição em torno do assunto“igreja”. É o que historicamente
é chamado de tradição. Quando Martinho Lutero foi levantado por Deus no séc.
XVI para trazer a Reforma e as suas 95 teses, ele renasceu a Igreja Cristã que
havia sido esquecida lá no final do séc. IV. Mas Lutero não conseguiu
estabelecer a Reforma Protestante sem trazer consigo algumas tradições do
Romanismo Cristão ou Cristianismo. Eu não vou abordar aqui uma ou outra
tradição especificamente, mas trazer para a nossa discussão a questão: “Devo
seguir uma tradição reconhecidamente humana?” Essa resposta é fácil de
responder. Mas e se algum líder declara assim: “Deus falou comigo para fazer
isso desse modo”. Como reagir? E se esse “modo” que supostamente “Deus falou”
não está declarado explicitamente ou “nas entrelinhas” do Novo Testamento, o
que fazer? Aí fica mais difícil respondermos a essa declaração. Mas, agora
mesmo, olhe ao seu redor e examine o seu ministério e tudo o que temos feito
“em nome de Jesus”... quanto tem de biblicamente legítimo em nossos ministérios
e quanto tem de tradição humana? “Ah, mas não há problema com a tradição!”,
alguém pode exclamar... Eu sinceramente creio que há sim. A tradição é
justamente o que o Senhor Jesus chama de fermento. O fermento é uma levedura,
ou seja, um composto feito de bactérias, cuja função é aumentar o volume de uma
massa de trigo, normalmente. No contexto bíblico, o fermento sempre foi um item
proibitivo no aspecto cerimonial. A razão disso é que o processo de aumento no
volume da massa é chamado de “corrupção” – o entendimento dessa corrupção é
mais facilmente compreendida com a afirmação do Ap. Paulo: “um pouco de
fermento leveda a massa toda” (1Co 5.6; Gl 5.9). Agora eu pergunto: quantas
boas idéias temos para incrementar nossos encontros, estudos e eventos ao longo
de nossa liturgia... seria isso a vontade de Deus mesmo ou seria tudo fermento?
Teria eu humildade de reconhecer que estou levedando o ministério que o Senhor
tem me confiado? A respeito das tradições, vejamos o que o Senhor Jesus
declarou a esse respeito: “Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós,
hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração,
porém, está longe de mim; mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são
preceitos de homens. Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição
dos homens. Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de Deus, para
guardardes a vossa tradição.” (Mc 7.6-9) Viram a conotação das tradições
humanas no conceito do Senhor Jesus? Ele está falando com líderes religiosos,
que incluem em sua devoção diversos preceitos que são meramente humanos,
incompatíveis com a vida devocional que Deus realmente espera de nós.
A respeito de
tradições humanas, o Ap. Paulo disse o seguinte: “Se morrestes com Cristo
quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como
se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as
quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas
dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto
voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor
algum no combate contra a satisfação da carne.” (Cl 2.20-23) Por isso a
tradição não passa de fermento, ou seja – corrupção da forma original. A única
ocasião em que se permitia o uso de fermento era nas ofertas de ação de graças
(Lv 7.13). A adoração pode sim ser extravagante, espontânea e livre. Nosso
louvor ao Senhor pode ser “aumentado”, o caráter de Deus expresso em Sua
palavra demonstra isso, mas é a única exceção. O caráter restritivo do reino de
Deus me impede de fermentar seu propósito, sua ordem, a forma de edificação da
Igreja Dele, a igreja que Ele mesmo edifica – não nós. Não sejamos hipócritas,
mas sejamos sim humildes para reconhecer que estamos misturando fermento à
simplicidade do Evangelho de Jesus: “Mas temo que, assim como a serpente
enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos
os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em
Cristo” (2Co 11.3); e “acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a
hipocrisia” (Lc 12.1).
A IGREJA
QUE ESTÁ EM SUA CASA
Agora iremos tratar
do assunto que mais tem gerado polêmica entre os pastores, que é a forma
visível do Corpo de Cristo na Terra – a Igreja. Muito se tem discutido a esse
respeito, e muitos homens de Deus, de profunda revelação e conhecimento da
palavra, têm participado dessa discussão, mas muito pouco se avançou nesse
ponto pelos mais variados motivos. Creio eu que o principal motivo é a dificuldade
em nos desligar das fortes correntes de tradição que nos prendem. Depois de
lermos sobre o modo de caminhar de Cristo e seus discípulos, e também de Paulo
e seus discípulos, depois de vermos o modo como a Igreja Primitiva obteve
sucesso em sua missão, não seria razoável uma reflexão profunda e um exame
criterioso para sabermos se estamos realmente fazendo a vontade de Deus? As
denominações e os templos A forma tradicional da igreja visível, desde o
Concílio de Nicéia em 325dC, tem sido a igreja movimentar-se e desenvolver todo
o seu ministério em torno de estruturas físicas, o que normalmente chamamos de
templo. A Igreja Católica desenvolveu-se assim, e a igreja denominada
evangélica também tem se desenvolvido da mesma forma desde a Reforma
Protestante em 1517 até os dias de hoje. Cada vez mais é necessário construir
estruturas maiores, cada vez mais caras e equipadas... Entre os motivos para
isso, um deles seria acomodar confortavelmente os membros da Igreja.
Aparentemente não haveria problema com isso, mas eu te pergunto: por quê a
Igreja Primitiva, em 300 anos de história, não edificou nenhum templo, nem
mesmo um só? Será que realmente é necessário? E nas ocasiões que Pedro pregou e
3 mil pessoas creram, e depois mais 2 mil (At 2.41; 4.4), com 5 mil membros,
seria absolutamente normal que pensássemos logo em construir um grande
templo... Mas por quê Pedro, Tiago e João não fizeram o que normalmente nós
teríamos feito? Por um motivo simples: eles viveram com Jesus, aquele que
deixou as sandálias lá no rio Jordão... nós não vivemos. Nós o conhecemos
apenas de ouvir falar... Se nós tivéssemos andado 3 anos e meio com o Dono
dessa obra, não cometeríamos os erros que tão freqüentemente temos cometido,
porque conheceríamos o Seu coração. Saberíamos que não somos nós quem decide o
que fazer com o dinheiro, mas sim Ele. E quando eu leio sobre Ele nas
Escrituras, eu conheço um líder que não é apegado a nenhum conforto, a nenhum
bem material, mas que constantemente se compadece dos pobres, chora por eles,
faz milagres por eles. E quando eu vejo aquilo que se identifica como Igreja de
Jesus nos dias de hoje, eu não consigo reconhecer nessa estrutura o caráter
desse homem que hoje não é apenas o Salvador, mas o Rei e Senhor Jesus. A única
coisa que eu notoriamente reconheço na chamada “Igreja de Jesus” é isso:
“Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos
céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda
a terra.” (Gn 11.4) A única coisa que eu consigo ver na chamada “Igreja de
Jesus” é homens erguendo torres, cada vez maiores, com o único propósito de
tornar seus nomes célebres... Sobre isso escreveu o Ap. Paulo: “...que cada um
de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo; ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de
Cristo. Será que Cristo está dividido? foi Paulo crucificado por amor de vós?
Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (1Co 1.12-13) “Porquanto, havendo
entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o
homem? Quando, pois, alguém diz: eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é
evidente que andais segundo os homens? (1Co 3.3-4) Eu te pergunto: qual
justificativa daremos ao Senhor quanto a nos reunirmos em torno de outro nome,
que não o nome do Senhor? “Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu
nome, aí estou eu no meio deles”... Não foi o que Ele disse em Mt 18.20?
“...Para que não sejamos espalhados por toda a terra”... Mas isso não é
exatamente o contrário à ordem dada pelo Senhor, de irmos e fazermos discípulos
de todas as nações, desde Jerusalém até os confins da Terra? “...Tornou a
interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus
Bendito? Jesus respondeu: Eu sou...” (Mc 14.61-62)
Irmãos pastores e
líderes de ministério, chegou a hora de nós fazermos aquela mesma pergunta que
Pilatos fez: “O que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27.22). O que
faremos de Jesus, irmãos? Lembra das palavras Dele? “Passará o céu e a terra,
mas as minhas palavras jamais passarão.” (Mt 24.35) Lembra de quando Ele disse
que no Juízo separaria as ovelhas dos cabritos? “Tive fome e me destes de
comer... Mas quando te fizemos essas coisas, Senhor? Quando fizeres a um destes
meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. Lembra disso? Pois, caso você não
tenha conhecimento, saiba que agora mesmo há milhares e milhares de irmãos,
pastores, ministros do altar assim como eu e você, que fazem apenas uma
refeição por dia, e isso quando tem algo para comer, porque muitas vezes o
alimento é tão escasso que nunca é suficiente para ele, a esposa e os filhos...
saiba também que esses milhares e milhares de ministros do Senhor precisam
caminhar até 20km no deserto, ou nas montanhas geladas ou em tantos outros
lugares inóspitos dessa Terra, para pregar o Evangelho às vezes para 1 pessoa só...
Pois saiba que as tuas patentes de ministro são as mesmas desses nobres irmãos!
E saiba também que um dia seremos julgados por isso, porque a Igreja Primitiva
fez a sua parte quando os irmãos da Judéia precisaram ser amparados
financeiramente, e nós seremos julgados nada mais nada menos que pela palavra
de Deus: “Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a
própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.” (Jo 12.48)
“Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” (Jo 15.14)
A IGREJA NOS LARES
Numa cidade há casas,
empresas, escolas e praças suficiente para toda a população daquela cidade,
certo? Quando a estatística diz que moram 200 mil habitantes em determinada
cidade, isso nos informa que há casas suficientes para essas 200 mil pessoas...
de alguma forma elas moram lá. Quando Jesus comissionou seus doze discípulos,
Ele deu uma ordem a eles, e há ali um detalhe que trata diretamente sobre a
igreja nos lares: “Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai
saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, ao
entrardes na casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz;
mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.” (Mt 10.11-13) Você notou
que a ordem de Jesus para os discípulos na evangelização foi “de cidade em
cidade e de casa em casa”? Lembra quando o
Senhor foi à casa de Levi e evangelizou os publicanos e pecadores? E quando o
Senhor foi à casa de Simão, o leproso? Pois ele também foi à casa de Jairo, de
Marta, de Zaqueu e de muitos outros pecadores (Mt 9.10; Mt 26.6-7; Lc 8.41; Lc
10.38; Lc 19.5). Alguém pode perguntar: “mas seria eficaz esse modo de ser
igreja?” Eis a resposta que encontro na Palavra de Deus: “Reuniram-se os
apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Ao que
ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um
pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para
comer. Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte. Muitos,
porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá correram a pé de todas as
cidades, e ali chegaram primeiro do que eles. E Jesus, ao desembarcar, viu uma
grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm
pastor...” (Mc 6.30-34) Reparem nesse texto: uma multidão tamanha que os
discípulos não tinham tempo nem para comer! “Muitos os reconheceram e para lá
correram de todas as cidades...” Já pensou nisso? Por favor, me respondam:
quando eles chegavam em uma cidade, lá eles inauguravam um templo? Onde essas
coisas aconteciam? Perdoem-me os irmãos, mas era de casa em casa, nas ruas e nas praças, e
uma grande multidão correu a pé de todas as cidades para seguir os discípulos
de Jesus... Isso é bem diferente do que temos visto hoje, não é mesmo? Hoje
vemos pastores implorando para que as pessoas venham ao templo, através do
rádio e da televisão... Campanhas de evangelismo convidando as pessoas a
visitarem o templo, e não convidando as pessoas a virem a Cristo... O que a
multidão desesperadamente anseia é pelo Sal da Terra e pela Luz do Mundo que
cada filho de Deus deveria ser... Não mais um templo; não mais uma denominação.
Mas que a Luz do Mundo entre em suas casas e os salvem da escuridão! Foi isso o
que o Senhor nos mandou fazer. “Vós bem sabeis de que modo me tenho portado
entre vós sempre... servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e
provações... como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa,
testificando, tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a
fé em nosso Senhor Jesus.” (At 20.18-21) Da mesma forma os apóstolos, sem
rádio, sem televisão, sem templos, somente através do simples testemunho de
suas vidas encheram Jerusalém com o Evangelho de Jesus e também viraram o mundo
de cabeça para baixo (At 5.28; At 17.6; At 13.44). Como conseguiram isso? Qual
a diferença entre nós e eles? É que eles confiavam somente no poder do Espírito
Santo, nada mais. Eles não tinham jornais, nem revistas, nem Internet, nem
rádio nem TV, nem o apoio de políticos ou de empresários, muito menos tinham
templos, catedrais, sede ou filiais... Somente o Espírito Santo! Eu te
pergunto: quem tem o Espírito Santo, precisa de mais alguma coisa? Não... Quem
tem o Espírito Santo precisa de boas idéias, técnicas de marketing ou de
psicologia? Não, não... sinceramente não! A respeito dos templos, muitos irmãos
me questionam: “Mas em Atos 2.42, os irmãos não perseveravam unânimes no
templo?” Sim, e isso durou por 40 anos assim, e nem os apóstolos nem os judeus
convertidos anunciaram o Evangelho aos gentios. Mas Jesus não ordenou que
fossem testemunhas dele desde Jerusalém até os confins da Terra? O que
aconteceu então?
No ano 64 dC
iniciou-se a perseguição aos cristãos, e no ano 70dC o imperador Tito destruiu
Jerusalém, inclusive o Templo dos judeus onde ainda se estabeleciam as
ordenanças da Lei . Vimos isso estudando sobre a Igreja de Antioquia. Depois
disso, os cristãos foram dispersos e tiveram que se misturar. Eu creio que o
próprio Deus permitiu a perseguição e a destruição do Templo para que os
cristãos cumprissem a ordem dada por Jesus sem contaminar o Evangelho com os
costumes da Lei, como vemos ainda hoje pessoas guardando preceitos da Lei como
guardar dias e abstenção de alimentos. Por que durante 40 anos eles não foram
aos gentios? Porque ficar em Jerusalém? Por causa do Templo? Não que eles
pudessem frequentá-lo, pois os sacerdotes da antiga aliança não aceitavam a
doutrina dos apóstolos...
“Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os
irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis
salvar-vos. Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda
contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a
Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão.
E eles, sendo acompanhados pela igreja, passavam pela Fenícia e por Samaria, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos. E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles. Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.
Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Homens irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre nós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem. E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também. Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios. E, havendo-se eles calado, tomou Tiago a palavra, dizendo: Homens irmãos, ouvi-me:
Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito:
Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas,
Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras. Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue.
Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas. Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos. E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, e Síria e Cilícia, saúde. Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento. Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, Homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas. Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá. Tendo eles então se despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta. E, quando a leram, alegraram-se pela exortação. (Atos 15:1-31).
E eles, sendo acompanhados pela igreja, passavam pela Fenícia e por Samaria, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos. E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles. Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.
Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Homens irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre nós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem. E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também. Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios. E, havendo-se eles calado, tomou Tiago a palavra, dizendo: Homens irmãos, ouvi-me:
Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito:
Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas,
Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras. Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue.
Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas. Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos. E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, e Síria e Cilícia, saúde. Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento. Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, Homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas. Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá. Tendo eles então se despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta. E, quando a leram, alegraram-se pela exortação. (Atos 15:1-31).
Lembra da torre de
Babel? “Para que não sejamos espalhados por toda a terra...” Nós não queremos
nos espalhar; queremos sim é nos ajuntar. Queremos formar um sistema religioso
confortável e conveniente para a nossa alma, onde a consciência não nos culpa
por um serviço meramente religioso onde uma maioria passiva contempla o
trabalho de uma minoria ativa. Isso não é o Reino de Deus, é religião. Quando
estudamos a Igreja na Bíblia, nós encontramos 3 aspectos dela:
Primeiro: a Igreja
Universal – a Noiva – que está descrita em Ap 5.9-10, e que Jesus declarou que
a edificará (Mt 16.18). Este é o Corpo de Cristo em todo lugar (Jo 1.12-13; 1Co
12.12-14). Como declarou o Ap. Tiago, “as doze tribos que se encontram na dispersão”
(Tg 1.1; ver Ap 14.1-5);
Segundo: a igreja
local – a igreja de Cristo na cidade – a Igreja de Corinto, a Igreja de Éfeso,
a igreja de Cristo que está em uma cidade. A Igreja de Cristo na cidade é uma
só igreja (Rm 1.7; 1Co 1.2; 2Co 1.1; Gl 1.2; Ef 1.1; Fp 1.1; Cl 1.2; 1Ts 1.1;
2Ts 1.1; 1Pe 1.1);
Terceiro: a igreja
nos lares – a igreja que está na casa – o local onde os irmãos congregavam.
Como a igreja de Jerusalém, que se reunia na casa de Maria, mãe de João Marcos
(At 2.1-2; 12.5; 12.12); a igreja na casa de Priscila e Áquila, tanto em
Corinto, como também em Éfeso e em Roma (At 18.1-4; At 18.18-19; Rm 16.3-5; 1Co
16.19); a igreja na casa de Lídia em Tiatira (At 16.14-15; 16.40); a igreja na
casa de Ninfas, em Colossos (Cl 4.15); a igreja na casa de Arquipo, em
Laodicéia (Fm 1-2; Cl 4.16-17); e a casa de Paulo em Roma, onde pregava e
ensinava (At 28.30-31). “O que faremos, irmãos?” (At 2.37) “Mas temo que, assim
como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma
sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da
pureza que há em Cristo.” (2Co 11.3)
Irmãos, me respondam:
devemos permanecer como estamos? Ou retornar à simplicidade do Evangelho? Eu
não quero convencê-lo, pois somente o Espírito Santo é quem convence, mas
quando Paulo diz: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento
como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como
edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o
qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de
cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo, e qual
seja a obra de cada um o próprio fogo o provará.” (1Co 3.10-13) O fundamento é
Jesus Cristo, isso é imutável. Mas o que nós estamos edificando sobre esse
fundamento? Qual obra estamos levantando sobre o fundamento que é Cristo? Não
se engane achando que nunca haverá uma prestação de contas, pois “manifesta se
tornará a obra de cada um, e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o
provará” (v.13). Se o que estamos edificando é ouro, prata e pedras preciosas,
aí sim eu posso pensar que está tudo bem... Mas eu te pergunto: no conceito de
Jesus, o que é realmente a verdadeira riqueza? O que realmente vale como ouro,
prata e pedras preciosas para Jesus? Lembra do jovem rico? (Mc 10.17-22) O que
era para Jesus um tesouro no céu? Resposta: vender todos os bens e dar aos
pobres... Lembra? “Tive fome... tive sede... estive nú... enfermo...
encarcerado...” O conceito de Jesus quanto ao que é ouro, prata e pedras
preciosas é muito diferente do conceito carnal e mundano que temos. E o que
seria então, no conceito do Senhor, madeira, feno e palha? Olha o que o Senhor
Jesus disse à igreja de Sardes: “...Conheço as tuas obras; tens nome de que
vives, e estás morto. Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para
morrer; porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.”
(Ap 3.1-2) “Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo,
por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapasseis o
que está escrito; a fim de que ninguém se ensorbebeça a favor de um em
detrimento de outro.” (1Co 3.10-13) Irmãos, ou retornamos à pureza e
simplicidade do Evangelho de Cristo, ou haverá uma grande fogueira no Dia do
Juízo, e nossas obras não passarão de cinzas. Quer arriscar? Eu não! Ai de nós,
irmãos! Ai de nós que somos chamados para pastorear o rebanho Dele. Ai de nós
se ultrapassarmos uma vírgula só, pois essa obra não é nossa; a Igreja não é
nossa. É a Noiva de Cristo. Um dia haverá um casamento, e este dia está breve.
O AMOR É O
COMBUSTÍVEL QUE MOVE A IGREJA
“Nisto conhecerão
todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (Jo 13.35) A
melhor apresentação do evangelho que já ouvi veio da boca de um ateu. Isso
talvez surpreenda a muitos, como, à ocasião, aconteceu comigo. Há cinco anos,
tomei um avião em Los Angeles com destino a Pittsburg. Sentei-me perto de um
homem que trazia uma revista secular cuja capa anunciava a história sobre o
conflito entre cristãos e a política nos Estados Unidos. Na primeira
oportunidade, perguntei se poderia ler assim que ele tivesse terminado. Depois
de certificar-se do meu interesse pelo artigo, disparou: “Eu odeio vocês,
cristãos”. Eu nem havia dito a ele que era cristão, e ele já me odiava. “Por
quê?”, eu quis saber. Ele demonstrou ressentimento pelo fato de, em sua
opinião, os cristãos quererem forçar as outras pessoas a viverem de acordo com
as crenças deles. Travamos uma conversa de conhecimento: atividades
profissionais, família, origens, destino da viagem. Na minha vez, disse que
fazia todo o tipo de coisas. Nos aviões, por exemplo, tinha o costume de me
apresentar como alguém que vagueia pelo planeta ajudando pessoas a entender o
que realmente Jesus ensinou. Ele olhou para mim um tanto assustado e perguntou
se eu gostaria de saber o que ele, um ateu que odeia cristãos, pensava sobre o
que realmente Jesus ensinou. Disse-lhe que sim e ouvi a melhor apresentação do evangelho
com que já tomara contato em toda a minha vida: “Eu acho que Jesus nos ensinou
que temos um Pai que nos ama mais do que sabemos e que se pudéssemos entender
isso, saberíamos como nos tratar uns aos outros”. Eu fiquei boquiaberto,
chocado. Ele quis saber o motivo do meu espanto. “Tenho ido a todas as partes
do mundo. Já ouvi todo o tipo de pessoas compartilharem o evangelho, mas nunca
ouvi ninguém dizer melhor o que Jesus queria dizer”. Desconfiado, ele perguntou
por que eu diria uma coisa daquelas. Respondi-lhe que ele havia dito exatamente
o que Jesus diria. Contei-lhe que em sua última noite com os discípulos, Jesus
pronunciou as seguintes palavras: “Eu vou dar a vocês um novo mandamento: amem
uns aos outros como eu os tenho amado. Assim todo o mundo saberá que vocês são
meus discípulos”. Na seqüência da conversa, minha pergunta não poderia ser
outra: “Por que você não acredita?” A resposta dele foi: “Eu nunca vi alguém
viver isso”. Ele pensava que aquilo que Jesus nos ensinou não poderia ser real
porque seus seguidores não conseguiram colocar em prática. A experiência
narrada acima por um pastor americano durante uma conferência no Brasil
expressa muito bem a realidade da Igreja: nós, cristãos, não somos reconhecidos
pelo mundo como discípulos de Jesus. E não podemos culpá-los por isso porque a
falha não está neles, mas em nós. Eu aprendi na Física que a comunicação só é
bem sucedida quando o transmissor envia o sinal com qualidade e o receptor é
capaz de recebê-lo. E quando o receptor não recebe o sinal com clareza, é
porque o transmissor falhou em transmitir o sinal. E Jesus, que é o criador do
universo todo e certamente entende muito de Física, Ele me ensinou que, se o
vizinho ou o colega de trabalho não percebem que eu sou um discípulo de Jesus,
é porque eu estou falhando na transmissão dessa mensagem. Essa é a regra de
comunicação: a falha está no transmissor! Eu não posso culpar meu vizinho por
ele estar sintonizado “no canal errado”; nós é que temos que transmitir o sinal
no canal certo que eles irão compreender... que canal é esse? É o amor ágape,
aquele amor que vem do Alto. Tudo o que Jesus fez neste mundo tinha a marca do
amor. Até mesmo quando Jesus se irou (é possível se irar sem pecar – Sl 4.4; Ef
4.26) Ele fez isso por amor, para que o povo e os sacerdotes se voltassem para
o Pai com sinceridade de coração. Mas em tudo Nele era reconhecido o amor,
porque Deus é amor. Se o Pai é amor, o Filho também é amor, e se nós somos
filhos de Deus pelo novo nascimento, então recebemos Dele o DNA do Pai, que é
Amor: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo
aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não
conhece a Deus; porque Deus é amor.” (1Jo 4.7-8) “Amados, se Deus de tal
maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a
Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em
nós aperfeiçoado.” (1Jo 4.11-12) Como eu disse anteriormente, o amor que Jesus
disse que esfriaria de quase todos, lá em Mt 24.12, é justamente o amor ágape,
que vem do Pai, que está no Filho, e que nos é dado pelo Espírito Santo. Quando
na Igreja Primitiva os irmãos vendiam seus bens e propriedades e depositavam
aos pés dos apóstolos, isso era feito por amor (At 4.34-37). Não havia outra
motivação, só o amor. Quando Ananias e Safira tentaram mascarar a verdade,
dando a entender que eles estavam dando tudo, o que aconteceu foi que Deus
tirou-lhes a vida, como exemplo do castigo pela falsidade de um amor aparente,
uma mentira (At 5.1-11). “E por se multiplicar a iniqüidade, o amor de quase
todos esfriará”... Já começou a esfriar desde Ananias e Safira, e nos dias
atuais está a quase zero. Mas como mudar isso? O retorno ao Primeiro Amor examinemos
a mensagem do Senhor à Igreja de Éfeso, no livro de Apocalipse: “Ao anjo da
igreja em Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete
estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras,
e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e
que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste
mentirosos; e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não
desfaleceste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e
se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não
te arrependeres.” (Ap 2.1-5) Vejam que igreja era a Igreja de Éfeso. Imagine
Jesus dizendo assim para nossa igreja: “Assim diz o Senhor: conheço as tuas
obras e o esforço que fazem para realizá-las; conheço a tua fidelidade com a
verdade, e que resiste aos soberbos e mentirosos; vejo que até sofres por mim
sem hesitar...” Uau! que testemunho, hein?! Poderíamos parar por aqui, mas o
Senhor continua: “mas reprovo você nisso: que não me amas mais como antes...”
Ai ai! E o perigo que corremos se não nos arrependermos é grande: “E eis que te
digo, peça perdão e volta às primeiras obras; e se não se arrepender, tirarei o
meu Espírito do meio de vocês”. Candeeiro é o mesmo que candelabro ou lâmpada.
É a expressão figurada do Espírito Santo, que ali no Santo Lugar tem a função
de iluminara mesa dos pães e o altar do incenso, mostrando o caminho para o
Santo dos Santos... É sério ou não é? Abandonar o primeiro amor seria pecado
contra o Espírito Santo? “Removerei do teu lugar a tua lâmpada...” Ai ai, eu
considero isso muito sério. Lembra quando pela primeira vez conhecemos o
Senhor, quando Ele se apresentou a nós e abrimos o nosso coração para Ele
entrar? Que lindo! Tudo era maravilhoso! Nós estávamos todos sujos, cheios de
pecado, e Ele nos perdoou todos os pecados e nos lavou no Seu sangue. Que
tremendo! Eu te pergunto: o que você fez para merecer amor Dele? Ele nos amou
mesmo quando nós não merecíamos... aliás, merecíamos morrer, mas Ele nos
resgatou para vivermos o Seu amor... Lembra disso? Faz tempo, né? Pois é, o que
aconteceu então que nos afastou do primeiro amor? Aconteceu que Deus nos chamou
para amarmos uns aos outros e sermos amados por Ele, e nós deixamos de fazer
isso para fazer um monte de outras coisas que em resumo chama-se cristianismo,
o que não reflete o amor Dele. Jesus nos chamou para participarmos do amor do
Pai, e nós então transformamos isso numa religião – mais uma em meio a tantas
outras. E o pior: nós premiamos aqueles que, mesmo distantes do primeiro amor
ou até mesmo sem nunca terem nascido de novo, se distinguem dos outros por
entrarem em conformidade com o método de equivalência desse sistema, e
reprovamos com um selo de não-conformidade aqueles que não se enquadram em
nossa religião. Isso é amor? Eu creio que não.
Eu costumo dizer que
há duas coisas impossíveis para Deus (eu chamo isso de “minha heresia pessoal”
pois se não há impossíveis para Deus...). Primeiro: é impossível para Deus nos
amar menos – por piores que sejamos; e segundo: é impossível para Deus nos amar
mais – por melhores que sejamos. Sendo assim, não há nada que possamos fazer
para que Ele nos ame mais ou menos... Esse é o erro da religião. O cristianismo
passa a idéia que, se eu fizer tudo direitinho, Deus irá gostar de mim e não
irá me castigar... mas se eu errar, se eu não cumprir a maneira certa de viver
o cristianismo, então Deus ficará irado comigo, e irá me castigar. Onde está
escrito isso? O que eu aprendo na Bíblia é que o salário do pecado é a morte
(Rm 6.23). Ou seja, se eu caminhar em direção ao inferno, é lá que eu vou
chegar. Mas isso não diz que Deus deixou de me amar! O inferno foi projetado
especialmente para o diabo e seus demônios, não para o homem. Para o homem Deus
projetou o Céu, e o desejo do Senhor é que todos sejam salvos. Mas infelizmente
muitos não irão, não porque Deus deixou de os amar, mas porque escolheram esse
caminho. Vocês vêem como a nossa “transmissão” do Evangelho está distorcida?
Nós estamos mentindo para o mundo, dizendo que o cristianismo salvará as
pessoas... Tudo o que o cristianismo fará é tornar as pessoas frustradas. Os
adeptos dessa religião lêem a Bíblia, oram, tentam ser justas, lutam... mas
continuam vazias por dentro. E, com medo de Deus ficar irado, eles acabam se
esforçando mais e mais, e o resultado disso tudo é o esgotamento, e acabam
lançando a culpa em um Deus distante e vingativo – um Deus que não ama. Amar a
Deus não é esforçar-se ao máximo com o intuito de agradá-lo – isso é
impossível! Mas amar a Deus é reconhecê-lo como Pai e lançar-se em seus braços,
aceitando e recebendo o seu amor. Retornar ao primeiro amor é voltar ao caminho
do filho pródigo, é sentir-se amado quando Ele perdoou os nossos pecados, Ele
está perdoando os pecados do mundo, é isso que temos que anunciar ao mundo. Se
eu receber em mim o amor do Pai, então eu irei reconhecer esse mesmo amor na
vida dos meus irmãos, e só assim poderemos viver em comunidade, compartilhando
mutuamente desse amor. Esse foi o combustível da Igreja Primitiva. Eles amavam
uns aos outros e o coração deles ardia de compaixão pelos perdidos. Se amarmos
uns aos outros como Ele nos ama, o mundo todo saberá que somos discípulos Dele.
Essa é a nossa missão. Podemos deixar o amor de lado e fazermos um milhão de
coisas... não passará de um ruído estridente machucando os ouvidos do Pai.
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o
dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que
tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse
amor, nada seria. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos
pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse
amor, nada disso me aproveitaria.” (1Co 13.1-3)
UM CHAMADO PARA A
IGREJA DE HOJE
Irmãos, não foi a
nossa motivação afrontar aquilo que chamamos de Igreja Visível de hoje. Nosso
propósito é expor à luz da Bíblia aquilo que sonhamos e acreditamos ser a
vontade de Deus para a Igreja de Jesus. Esse não é um sonho somente nosso, mas
de muitos irmãos “escondidos em covas” (1Rs 18.13), remanescentes que estão
buscando a promessa de Apocalipse 14.1-5. Cremos que o fim dessa dispensação
está mais breve do que nunca. A volta de Jesus nunca esteve tão iminente, e
cabe a nós cumprir o último versículo antes do fim da era da Igreja: “E será
pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho de todas as
nações. Então, virá o fim.” (Mt 24.14) A hora é agora! Esteja onde você
estiver, responda a Ele: “Eis-me aqui (no rol do livro está escrito de mim)
para fazer, ó Deus, a tua vontade.” (Hb 10.7) “Quem me rejeita e não recebe as
minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa
o julgará no último dia.” (Jo 12.48) “Se eu não viera e não lhes falara, não
teriam pecado; agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.” (Jo 15.22)
O autor prefere manter-se anônimo, a exemplo
das citações bíblicas em Lc 9.49-50 e Nm 11.27-29. Todos os direitos autorais
pertencem ao autor. Comentários, sugestões e críticas são bem vindas. Para
entrar em contato, acesse o site:
Impresso com permissão. Paranaguá-PR, Março
de 2010