“Filhinhos, ninguém
vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo; quem comete
pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o
Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo.” I Jo. 3:7-8.
Amados, há muito
tempo que venho meditando sobre este assunto: as obras do Diabo e a destruição
das mesmas. João nos esclarece que um (o Diabo) fez uma obra e que outro (Jesus,
o Cristo) veio para destruí-las. Esta afirmação nos leva a um entendimento
único e que a função do Cristo foi completada na Cruz e provada na sua
ressurreição. Porque se a missão de destruir as obras do diabo fosse suicida e
não houvesse a ressurreição então tudo seria em vão como afirma Paulo em 1 Cor.
15:32:
“Se, como homem,
combati em Éfeso com as feras, que me aproveita isso? Se os mortos não são
ressuscitados, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.”
Assim, distinguimos a
pessoa de Jesus de sua missão “Cristo”. O Filho de Deus já desfez as obras do Diabo, não há mais o poder da obra
satânica sobre a vida daquele que crê na obra do Filho de Deus que foi a de
destruir as obras do diabo. Satanás não tem mais o poder da morte e do inferno
a seu favor. Agora, por que continuamos a orar e jejuar para destruir “obras do
diabo” o tempo todo? Não seria esta uma atitude contrária a obra consumada na
Cruz?
O entendimento para
esta pergunta está no principio de toda a história da criação do homem. O Diabo
fez uma única obra, assim como Jesus destruiu uma única obra que satanás havia realizado
no Éden. Vejamos como isto aconteceu:
“não havia ainda
nenhuma planta do campo na terra, pois
nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha
feito chover sobre a terra, nem havia
homem para lavrar a terra.” Gen 2:5.
Em Gênesis, segundo
os teólogos, os escritos podem não estar em ordem cronológica dos fatos
ocorridos. Isto é razoável pois, no cap 1, no terceiro dia, diz a escritura: “A
terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo as suas espécies,
e árvores que davam fruto que tinha em si a sua semente, segundo as suas
espécies. E viu Deus que isso era bom.” Gen. 1:12.
Não há nenhuma
contradição nisto, pois diz que a terra produziu relva, que é uma gramínea, uma
erva rasteira, com propriedade para crescer e tornar-se planta com brotos, e
depois quando o homem foi criado as ervas e as árvores já davam suas sementes e
frutos, pois diz:
“Disse-lhes mais: Eis
que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre
a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê
semente; ser-vos-ão para mantimento.”
Gen. 1:29. Portanto, o que está registrado é que entre a criação dos anjos (Gen
2:1)
“Assim foram acabados
os céus e a terra, com todo o seu exército.”
... e a criação do
homem, há um lapso de tempo. Anjos não precisam de mantimento da terra, somente
os seres terrenos. Adão (Adam) significa feito da terra, ou do barro.
Neste ponto quero
introduzir o estudo que venho desenvolvendo. Creio que Satanás ou Lúcifer (vem
do hebraico e significa estrela da manhã) não foi criado para estar no céu como
querem nos fazer acreditar alguns teólogos. Para isto vamos aos poucos textos
que podem nos ajudar neste assunto. Em um deles, Ezequiel 28:11-19 vemos o
seguinte:
“Filho do homem,
levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus:
Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus;
cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita,
o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam
os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com
o querubim da
guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das
pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que em ti se achou iniqüidade. Pela
abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora
do monte de Deus, e o querubim da guarda te
expulsou do meio das pedras
afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a
tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis
te pus, para que te contemplem. Pela multidão das tuas iniqüidades, na
injustiça do teu comércio, profanaste os
teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu
a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, à vista de todos os que te
contemplavam. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti;
chegaste a um fim horrível, e não mais existirás, por todo o sempre”.
Amados, o assunto
aqui é o rei de Tiro, uma profecia sobre um homem cheio de sabedoria e de
conhecimento; mas em um determinado momento, Deus começa a falar sobre um ser
criado; diz que este “ser” estava no Jardim de Deus (o Éden) no dia em que foi
criado; diz que estava junto com um
querubim que guardava o jardim de Deus; diz que era perfeito em sabedoria e
formosura, e por causa destas mesmas qualidades encheu o coração de violência.
A pergunta é: O que fez com que este ser se enchesse de violência? O pecado
dele não ocorreu no céu, mas na terra, pois foi expulso do meio das pedras
afogueadas.
Tiro, capital da Fenícia,
fora edificada sobre duas ilhas, uma localização geográfica privilegiada do
ponto de vista para se guardar dos seus inimigos, e exercia um importante papel
político e de grande importância para o comercio da região. Seu rei se tornou
obstinado e orgulhoso e se jactava de sua auto-suficiência e poder. Estes
mesmos sentimentos são emprestados ao ser criado no Éden de Deus, e agora nos
mostram uma revelação. Satanás estava no Éden, mas não contava com outra
criação de Deus para governar a terra. Achava que a ele havia sido dado o poder
de governo por ser cheio de sabedoria e formosura.
Quando o homem foi
criado, Satanás encheu o seu coração de violência, inveja, e fez o que não
devia ter feito. “Pela abundância do
teu comércio o teu coração se encheu de violência, e
pecaste...” É neste ponto que nós
dividimos da teologia tradicional que insiste em dizer que a obra de satanás
foi querer o trono de Deus. Jesus não veio para desfazer algo assim. Na verdade
Satanás nunca quis o trono de Deus, e sim o governo que foi dado ao homem e ser
adorado por ele, ouçam:
“Então o Diabo,
levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.
E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória destes reinos, porque me foi
entregue, e a dou a quem eu quiser; se tu, me adorares, será toda tua.” (Luc.
4:5-7)
Realmente, se houve
no Éden um comércio, uma venda e uma compra, foram pelo governo da terra.
Satanás vendeu ao homem e a mulher uma ilusão, uma mentira, que os levou a
morte. Ele profanou os santuários (corpos de Adão e de Eva) que deveria
guardar. Esta foi a obra do Diabo. Ele não podia matar o homem, havia um
querubim que guardava o monte santo de Deus, ele tinha que agir de outra
maneira, uma mais sutil. Aproveitou-se do mandamento que dizia ao homem para
não comer do fruto da árvore do conhecimento e assim multiplicou o seu comércio
de engano. Foi assim que ele pecou. Levando o homem a trocar a vida pela morte.
Portanto amados, as obras do Diabo foram a de levar a si mesmo e o homem para a
morte através do pecado. O pecado é o meio para se morrer. Destruir o pecado é
eliminar o poder da morte. O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado
é a lei.
Onde não há pecado
não há morte, ouçam:
“Mas o pecado,
tomando ocasião, pelo mandamento operou em mim toda espécie de concupiscência;
porquanto onde não há lei está morto o pecado. E outrora eu vivia sem a lei;
mas assim que veio o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri; e o mandamento
que era para vida, esse achei que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião,
pelo mandamento me enganou, e por ele me matou.” (Rom. 7:8-11).
Paulo nos afirma que
o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento enganou e por meio dele (o pecado) o
homem foi morto. Foi esta a obra que satanás produziu. Pelo seu desejo de ser semelhante
ao altíssimo, em ser adorado e senhor de todas as obras criadas, ele enganou o
homem e levou este a morte. Se não houvesse uma Lei ou um mandamento no Éden, Satanás nunca teria
concluído seu intento.
Despertar no homem as
mesmas pulsões que foram despertadas nele foi seu maior intento. Levar o homem
a cobiças das coisas más (comer da árvore do conhecimento) foi uma jogada de
muita sabedoria.
Hoje, o Diabo
continua tentando o homem a cobiçar as coisas más, e anda ao nosso redor
buscando a quem ele possa tragar pelo engano e nos levar a morte eterna, mas a
verdade é que esta obra de morte foi desfeita na Cruz, não existe mais o
domínio do pecado e nem mais o poder da morte sobre a nossa vida, pois assim
como Jesus foi ressuscitado nós também o seremos com Ele na Sua vinda. É por
isso que João escreve:
“Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como
ele é justo; quem comete pecado é do
Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de
Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo.”
Amados, não queremos
mais cometer pecados, nem contra nosso corpo nem contra a vida do próximo. O
praticar a justiça é viver segundo Jesus e seu ensino de amor. Porque só o amor
edifica e nos traz vida. Deus é amor. Vivamos segundo este principio e não
deixaremos que Satanás nos faça presa sua para nos levar ao engano quando as
tentações surgirem.
“Assim, tendo o Diabo acabado toda
sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião
oportuna.”(Luc. 4:13).
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