Estamos vivendo em
um tempo em que muitos têm procurado uma posição mais elevada, talvez um nível
mais elevado na comunhão com Deus Pai, alguns a tem chamado de “intimidade com
Deus”. Mas o que percebo, muitas vezes, são poucos aqueles que verdadeiramente
a estão alcançando, e por quê? Será que temos acessado corretamente o caminho
para estarmos na intimidade com Deus? Nossa pretensão aqui não é determinarmos
“fórmulas” espirituais, ou “chaves” que abram o coração de Deus, mas o de olharmos
juntos para alguns aspectos de nossas vidas que com certeza nos impediriam da
verdadeira comunhão íntima com o Pai!
Na verdade o que
queremos neste estudo é trazer, à luz da Palavra, uma direção que poderá nos
levar a uma posição mais elevada de nosso relacionamento com o Senhor.
Faremos uso do
termo “pré-requisito” que nos credenciam para a intimidade. Não é nada novo
para aqueles que conhecem algumas doutrinas bíblicas que costumeiramente são
usadas com nomes poucos compreensíveis. Falamos da justificação, regeneração,
santificação e adoção. Tentaremos resumi-las preservando o conteúdo necessário
para esta ministração, visto que a simplicidade é uma das características do
evangelho de Cristo (2Cor. 11:3- 4).
Tudo em nossa vida
espiritual se faz realizar por meio da Palavra e do Espírito Santo de Deus.
Tudo o que se refere ao conhecimento de Deus e a busca pela íntima comunhão só
se faz por intermédio da Palavra e do Espírito Santo (Jo. 16: 7-15). Eles atuam
em nosso espírito, não em nossa alma,
muito menos em nosso corpo, em nosso
espírito. A razão é muito simples. Nosso corpo corruptível (1 Cor. 15:50,
53-54) foi crucificado com Cristo (Rm. 6:6), sendo assim, este corpo, para
aqueles que crêem, não pode oferecer nada
de bom a Deus. Ele foi
crucificado com Cristo porque não é bom, não pode fazer nada de bom. Mas nosso
espírito pode usá-lo a fim de produzir sacrifícios visíveis e aceitáveis a Deus
(Rm. 6: 18,19) e para que o evangelho venha a ser anunciado a todos os homens.
Não obstante, fica
algo para ser tratado: nossa alma.
Ela dominava nosso corpo a fim de servimos ao pecado. Agora ela precisa ser
dominada pelo nosso espírito a fim de não mais servimos ao pecado, mas sim a
Deus. Tudo o que fazemos por intermédio da alma chamamos de “as obras da carne!”
(Gl. 5:19-21). Nossa alma, ou nossa psiquê
(grego), ou nosso ego (mais comumente conhecido), deve ser tratada pela palavra de Deus a fim de alcançar a sua
santificação e salvação (1Cor. 7:1; Fl. 2:12; 1 Ts 5:23).
É assim que
percebemos se estamos entrando em verdadeira adoração. Se for emocional, é da
alma, nossa carne. Deus não aceita adoração da carne (Jo. 4:23), para muitos
isto vai ser de difícil entendimento, pois se acostumaram a adorar a Deus com
sua alma e não com seu espírito! Erroneamente quando buscamos a Deus precisamos
mover a oração com algum sentimento (p.ex. emoção: ouvindo um louvor) estamos
misturando emocional com o que deveria ser somente
espiritual. O Pai não quer ouvir
a tua oração Ele que ver a
tua atitude de oração! (Mt. 6:6 veja o verbo no versículo).
Hoje temos uma
igreja muito almática e pouco espiritual. Ela precisa que algo mexa com sua
alma, por exemplo, para que ela chore na presença de Deus. Gosto de uma letra
que diz:... “No silêncio Tu estás...” (Eu te busco). É quando estamos
totalmente em silêncio que podemos ouvir a voz do Espírito de Deus e
reconhecê-la em nosso espírito, e não confundí-la com a voz da nossa própria
alma (Sl. 42), ou ainda, ouvindo Satanás falando em nossa alma (pois ele não
pode falar em nosso espírito) pensando que é a voz de Deus. É por isso que
muitos já se acostumaram a ser movidos pela a emoção e não conseguem
verdadeiramente adorar o Pai. Eis a grande diferença entre os profetas do
passado e a geração almática do presente século. Tecnologia! Deus não quer ouvir tecnologia, ele quer só te ver e estar
em comunhão contigo!
Grave bem isto: O Espírito Santo não fala em tua alma
ele fala em teu espírito! Cuidado, não queira estar com a tua alma na presença
dEle, ela precisa ser tratada, pois ela ainda é a nossa carne! (Jo. 4:24; Rm.
8:5-8; Gl. 5: 16,17).
É imprescindível a
ação direta e única (sem recursos
naturais) do Espírito Santo de Deus a fim de obtermos intimidade com o
Pai(2 Cor. 3:5-6; Fl. 3:3) e O adorarmos em espírito e em verdade (Jo. 4:24;
15:5).
O segundo
“pré-requisito” é reconhecermos e aceitarmos a nossa justificação através da fé em Cristo (Rm. 5:1), visto que nosso
corpo do pecado foi crucificado com Cristo e nossa alma precisa ser tratada.
Com a justificação, podemos alcançar a herança dos filhos de Deus (santa
vocação) com que trata em Col. 1: 19-20; 2 Tm. 1: 9-10. Intimidade é para com
os filhos reconciliados em Cristo; estamos aqui decifrando o ato da
justificação, ou seja, um ato exclusivo de Deus. O “processo” que Deus usou para nos reconciliar com Ele, a justificação, não requer nossa
participação como aquele que poderia contribuir para com Deus para a realização
do ato salvívico, mas requer de nós que acreditemos
e aceitemos como única forma de
encontrarmos intimidade. Através deste processo, com firme convicção (fé),
tomamos posse desta benção (Rm. 3: 21-31; Gl. 2:16). Portanto o segundo passo é
a fé, pois sem fé é impossível a intimidade (Hb. 11:1-11). Fé que temos
comunhão, através da pessoa de Jesus Cristo, com Deus Pai; e isto porque Deus
já nos deu, através do sacrifício de Cristo na Cruz, a posição de Justos
perante Ele.
Neste momento, já
podemos crer que a presença do Espírito de Deus já se faz em nossas vidas (Gl.
4: 4-6), pois Ele já enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho! Mas
queremos mais, queremos desenvolver uma íntima comunhão com Ele.
Vamos ao terceiro
“pré-requisito”: a nossa regeneração. Talvez para alguns um processo
instantâneo, para outros são longos anos de busca. Creio ser o processo mais
difícil que nos envolve. Chamado também de o “novo nascimento”, ele está muito
bem referenciado em todo o novo testamento (Jo. 3: 1-6). Para nascer de novo é
necessário passarmos pela morte (Jo. 12:24-25; 1 Cor. 15:36). Na verdade esta
nossa morte já foi manifestada (Rm. 6: 6-7; Gl. 2:20). Paulo usou a expressão “Estou crucificado” não porque ele
tenha subjugado totalmente a sua alma, mas porque ele apropriou-se, através de
sua fé em Jesus Cristo, unindo-o pela fé, a sua morte com a de Cristo.
Quando cremos que
verdadeiramente nosso corpo do pecado foi morto juntamente com Cristo então
passamos pelo novo nascimento, e declaramos, que em nosso ser natural não há
nada de bom que possa glorificar a Cristo. Ainda outro texto que pode nos
ajudar neste mistério, em Gl. 6:14 “Longe
de mim gloriar-me (nada de bom em si
mesmo), a não ser na cruz de Nosso
Senhor Jesus Cristo (porque lá está
o corpo do pecado de Paulo), pela
qual (Cruz), o mundo está crucificado para mim, e eu (não usa mais o seu corpo para o pecado) para o mundo” (grifo nosso).
Nossa alma quer
buscar alegria, paz, amor, segurança, enfim qualquer coisa relacionada com uma
felicidade e bem estar, então ela usa nosso corpo, olhos (cobiça dos olhos),
ouvidos, tato, olfato, enfim todos os nossos sentidos e vai buscar no mundo,
nas coisas naturais, estes sentimentos para suprir sua necessidade de
felicidade. Mas no mundo não está Deus, nem a verdadeira paz (Jo. 14:27; 1 Jo.
5:19)! Por isso, este “nascer de novo” se torna o mais difícil de todos os
processos de Deus em nossas vidas. Alguns levam anos para se convencer deste
chamado 2 Cor. 5: 14-17, mas não podemos alcançar intimidade sem passarmos pelo
novo nascimento (Is. 59: 1-2). Ou seja, Deus tira a nossa vida e coloca em nós
a vida de Seu Filho (Col. 3: 1-17; 1 Pe. 1; 22-23; 1 Jo. 3: 9-11).
Sabemos que todas
estas doutrinas (ensino) são cansativas no sentido de as compreendermos, mas
como já dissemos no inicio, são “pré-requisitos” para uma intimidade com Deus.
Em quarto lugar, a
Santificação. Vamos exemplificar o que não é santificação, visto que alguns se
têm desviado dela, pois acreditam em conceitos fracos de santificação, como o
castigar a carne (corpo), preocupação com trajes, comida e bebida (Rm. 14:1-22;
Col. 2:6-23; 1 Pe. 3:1-7).
A Palavra de Deus
nos anima a sermos santos (1 Cor. 1:8; Ef. 1:4; 5:27; Fl. 2:15; 3:6; Col. 1:22;
1 Ts. 3:13; 1 Tm. 3:2; Tt. 1:17; 1 Pe. 1:14-16; 2 Pe. 3:14; Jd. 24; Ap. 14:5 e
outros) e se Deus diz que podemos ser santos por quê negarmos este conceito? O
que muitos confundem é o poder de Deus manifestado em nossas vidas (através de
dons e ministérios) com a vida de santificação. Uma coisa pode existir sem a
presença da outra e vice-versa.
Mas vamos ao
exemplo daquilo que não é santificação, pois ela é pré-requisito não só para
intimidade, mas principalmente para a vida eterna (Hb. 12:14).
Agora vem
revelação!
Vamos analisar três
textos (leia-os pelo menos cinco vezes) e depois compararemos um com o outro.
Em Mt. 1:25a: “... e não a conheceu
(teve relacionamento íntimo
com ela) enquanto ela não lhe
deu à luz um filho”.
Agora em Mt. 7:
23-24 “... nunca vos conheci...” (teve intimidade). A semelhança
entre estes dois textos é o verbo “conhecer” que no original trazem a
mesma palavra em ambos os textos. Eles estão empregados no mesmo sentido: ser
íntimo de..., ter relacionamento intimo com... Portanto, cuidemos com este
engano: Ministérios e dons espirituais não são certificados de vida
santificada, e muito menos de intimidade com Deus. O que também pode confundir
são os “atos legalistas”. A necessidade de alguns em se prenderem a
determinados dogmas (farisaísmos) e conceitos humanos (legalismos), acreditando
que isto serviria a vida de santificação (Gl. 1: 6-14; 3: 1-5; 4: 1-5; 1 Tm 1:
5-11). Na verdade isto é o poder da alma tentando agradar a Deus!
Por último em Gl.
4:19 “meus filhinhos (teknon – menino de colo), por quem de novo sinto as dores
de parto até que Cristo seja
formado (gerado) em vós”. Ao compararmos estes textos há um encontro de
mistérios. Por que a Palavra cita este detalhe de José não ter relações com
Maria (intimidade) enquanto Cristo
não fosse gerado, e ela não lhe desse a luz? A trindade é revelada aqui de uma
maneira assombrosa! Deus disse: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua
mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne.” (Mt. 19:5). Ser
íntimo é fundir-se um ao outro, mas isto só é possível quando Cristo for gerado
em nós!
Do mesmo parecer
Paulo diz sentir contrações, dores até
que Cristo fosse gerado nos corações dos Gálatas. Deus Pai, quer
intimidade com seus filhos (igreja), mas primeiro ela deve gerar Cristo (2 Cor.
3: 18; 4: 5-6; Fl. 2:15). Enquanto esta “gestação” não termina, O Espírito de
Deus sente as aflições (Rm 8:26) de sua igreja que não consegue gerar frutos
para vida eterna (Jo. 15:16) e fica impedido de ter “relacionamento íntimo” com
ela (assim como José e Maria). Sobre esta revelação o Senhor Jesus disse: “Eu e
o Pai somos um” (Jo. 10:30) e: “E rogo não somente por estes, mas também por
aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um; assim
como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para
que o mundo creia que tu me enviaste”.(Jo. 17:20, 21). Sem intimidade não se
revela Cristo ao mundo!!!!
Por último e não
menos importante: a adoção! Talvez este seja o único conceito que traz diversas
interpretações. Isto porque alguns teólogos a posicionam como um fator não
distinto, mas como se fosse a junção das outras três doutrinas, ou seja, ao
estarmos justificados, regenerados e andando em santificação, então Deus nos
posiciona como filhos herdeiros (adoção).
Não queremos abrir
outro entendimento, nem discutir teologia aqui, mas contribuir para chegarmos a
intimidade com Deus. Creio que ao alcançarmos a justificação, passarmos pelo
doloroso processo da regeneração e andarmos em santificação já estamos na
posição de filhos por adoção. O que queremos diferenciar aqui é o que nos traz
esta posição?
Em João 1:12 e Gl.
4: 1-7, estão se falando de dois tipos de “filhos” herdeiros. Ambos são
legitimamente herdeiros, mas um é Teknon
(Jo. 1:12 - menino de colo) e outro e Huios (Gl 4: 7 - filho
amadurecido). Somente o filho amadurecido recebe responsabilidade do Pai. O
Pai concede que ele governe no Reino junto com Cristo. E aí está a necessidade
de termos intimidade com Deus. Como filhos amadurecidos para cuidarmos dos
interesses do Reino e assim podermos determinar nossa posição eterna para com
Deus: Se somos teknon ou Huios! Com efeito, nossa posição de filhos
amadurecidos, nos levará a um elevado relacionamento com o Pai a fim de
exercitarmos nossas responsabilidades para com o Seu Reino “e porque sois
filhos, Deus enviou o Espírito de Seu Filho...” (Gl. 4:6). O filho amadurecido
conhece a sua tarefa e a cumpre com zelo e amor. Já não vive mais tropeçando e
caindo, esbarrando nas lutas com sua própria carne, mas já está apto para
guerras espirituais (Ef. 6: 10-18). Aqui se encontram os motivos pelos quais
Deus nos chamou, salvou, aperfeiçoou e nos enviou a uma grande comissão. Com
estes filhos amadurecidos, Deus não só permite a intimidade, mas quer efetuá-la
em nós através do seu Santo Espírito (Fl. 2:12-15).
Finalmente, as
Escrituras nos revelam os “agentes”
da justificação, regeneração, santificação e adoção (Tt. 3: 4-5), trata-se do Espírito Santo de Deus e a Sua Palavra.
Esta é a água que nos purifica e justifica. O Espírito aquele que através da
mesma Palavra nos regenera e nos santifica (Jo. 17:17). Um depende do outro. Um não atua sem a presença do outro!
Meu irmão procure
ter mais tempo com os “agentes” de Deus. De preferência no “silêncio”, deixando
a alma (carne) de fora! A única coisa que pode agradar a Deus em nossa “carne”
é o cheiro suave, que sobe dela, queimando em fogo (Mt. 3:11)! Medite na
Palavra, busque a presença consoladora do Espírito Santo e assuma sua posição
no Reino de Deus. A intimidade com o Pai passará a ser uma constante em tua
vida. Que o Senhor lhe edifique neste estudo!
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