Forte é a tendência do homem de ir a extremos e de agir motivado por
“pré-conceitos” (Ec. 7:18). Pessoas se inclinam para tachar certos movimentos
de heréticos sem ao menos conhecê-los; por outro lado, muitos são até ingênuos
a ponto de engolir por inteiro certas práticas e doutrinas, como se fossem uma
“nova unção” quando deveriam julgar tudo e reter o que é bom ( 1Ts. 5:20-21).
Quero ser forte na verdade, que me faz fraco diante de mim mesmo, e
colocar esta pergunta: de que lado estamos?
Ao analisar estes extremos, tento encontrar o meio de equilíbrio para
vivermos a fé que um dia foi dada aos santos a fim de não pervertemos o plano
de Deus e então, encontro um paralelo com o ministério de Jesus. Quando olhamos
para o ministério de Cristo entendemos que houve uma evolução que se passaram
em quatro fases: tempo do início do ministério; tempo da popularidade; tempo da
oposição, e por fim, a morte e a ressurreição.
Da mesma forma a igreja, através das gerações, também evolui em quatro
fases como no ministério de Cristo. Primeiro Deus lança algo novo como chuva
serôdia na semeadura; em segundo estágio vem o avivamento, que nada mais é do
que a conversão de almas em massa voltando-se para o conhecimento de Deus; em
terceiro, a visão acaba se perdendo e uma “nova unção” surge; em quarto lugar o
velho tem que morrer para que o novo venha como chuva temporã no tempo da
colheita. A diferença com o ministério de Cristo é o tempo da oposição, onde
Ele não dividiu, mas orou pela unidade de sua igreja ao Pai.
Aqui há uma revelação!
Dentro destas quatro fases é preciso discernir, ou entender os tempos
(Mt. 16:1-4). Tenho entendido que vivemos hoje um tempo de oposição, senão
vejamos. A partir de Mt. 16; Mc. 8; Luc. 11 e Jo 7. Leia os textos atentamente
com este enfoque: tempo da oposição.
Encontramos no tempo da oposição algumas características que o
determinam:
- Um crescimento nos ensinos de Jesus (no templo e fora dele) Luc.
19:47 e isto todos os dias, não só no sábado!
- Jesus está mais preocupado com seu povo Israel (Mt. 15:24). Os
conflitos com a liderança aumentam por causa da religiosidade e do formalismo
(Mt. 23).
- É tempo de purificar o templo (Mt. 21:12; Mc. 11:15-18; Lc. 19:45-48;
Jo 2:13-16). Neste sentido, todos os evangelhos alertam para o fato.
- Fala-se a respeito de um novo
governo, o reino de Deus (Mt. 13:11-12). Fala-se de sacrifício/morte (Lc.
18:31-34). Temos vivido neste tempo, de ensino e sacrifícios que glorifiquem o
Senhor.
Mas de que maneira reagiremos à “oposição” a fim de evitarmos os
extremos como a apostasia e a passividade de um lado e a divisão
do corpo em busca de uma “nova unção ou movimento” de outro? O que Jesus
traz neste momento para sua igreja?
No meio disso tudo, surge um fato que parece estar isolado: a
transfiguração. Em Mt 17:2 a palavra transfigurou-se é metamorfoô. Esta
é a mesma palavra utilizada por Paulo em Rm. 12: 2. Podemos discernir que Jesus
está tentando revelar algo para seus discípulos. Veja, somente para os mais
chegados, os mais íntimos! Ele não revela para todos. O texto diz:
“chamou-os à parte”. Tinha doze, mas só chamou três. Agora analisemos o texto:
1º quem está envolvido? (Jesus, Moisés, Elias e os três discípulos);
2º do quê se fala? (A respeito da partida/Cruz de Cristo - Lc. 9:31-32);
3º para quem é a mensagem? (três discípulos mais chegados). Analisemos
as figuras, o que elas são e o que representam.
Em primeiro lugar, ambas as figuras (Moisés e Elias) entendem que Deus
é o Senhor, e entendem de sacrifício expiatório. Ambas são contrárias ao pecado
e a apostasia. Estes dois homens representam dois ministérios.
Jesus, a
própria presença de Deus, “lugar” (Cl. 1:16 - nele) onde tudo
pode se realizar, onde nada é impossível, onde tudo se faz entender e
acontecer, onde ministérios são gerados e restaurados;
Moisés é
aquele que livrou o povo de Deus do Egito e o fundamentou na Palavra –
libertador no tempo de cativeiro (Lv. 26:3; Tia. 1:22-25; Gl 6:7-10) – um
ministério apostólico;
Elias é
aquele que foi enviado para se opôr, vigorosamente, tanto nas palavras como nas
ações, a adoração a Baal e as pessoas que dela participavam. Detalhe
interessante a respeito de Baal: deus da fertilidade e da prosperidade. Os
sacerdotes de Baal, que um dia serviram a Deus no Seu Santo templo, buscavam a
reprodução (crescimento do povo) e as chuvas para a lavoura (bênçãos).
Elias fora enviado para falar em repreensão ao povo de Deus – um ministério
profético.
Os discípulos são a igreja que quer parar no tempo, não consegue enxergar a visão
profética do que Deus está fazendo e querendo dizer com aquela visão. Uma
igreja que quer que tudo se resuma em glória e paz, que não quer descer do
monte, esquecendo-se do tempo de lutas, querendo prender a glória de Deus com
artifícios humanos, construindo tendas, templos, salões luxuosos esquecendo-se
que o próprio Deus já estabeleceu o seu lugar de receber adoração e sacrifícios
(Rm. 12:1; 1Cor. 3:16-17).
Se a transfiguração foi um evento mencionado nos Evangelhos é
necessário que busquemos a relação dele com os nossos dias (revelação).Vejamos
no tempo da oposição:
a) tempo da apostasia;
b) tempo de mensagens a procura de crescimento quantitativo e bênçãos;
c) tempo de a igreja partir (mover de lugar = renovação);
d) tempo de sacrifício e morte.
Nestes tempos encontramos liberalismos, formalismos (rituais),
mundanismo, profissionais de ministérios, consciência de classes (acepções),
ausência de experiência com Deus. Neste tempo, faz-se necessário o surgimento
de dois ministérios com unção específica. Os ministérios apostólicos e
proféticos vão falar de preparação para a partida da igreja (mover a
igreja de lugar – mentalidade = metamorfoô ) e se opõem as mensagens de
engano até terem concluído os seus testemunhos (AP. 11: 3-7). Mas glórias a
Deus que não deixou que todos se corrompessem e há alguns que não estão se
curvando a Baal. Um chamado para arrependimento, oração e busca pelo
conhecimento da Palavra, vem sendo anunciado por estes ministérios. Como
resultado de tudo isto, neste tempo que é de oposição, o que estamos
presenciando em nossos cultos:
a) um povo em busca de mensagens eloqüentes do tipo “fogo”, e assim
eles elegem seus pregadores favoritos (2Tm. 4:1-5). É nos apelos que
comprovamos o que estamos ministrando aqui. São poucas ou quase raras as
mensagens de confronto com o pecado (si mesmo), arrependimento, adoração, e até
mesmo, mensagens de louvores a Deus, ou ainda, batalhar pela fé que um dia foi
dada aos santos (Jd.3);
b) muitos sinais (línguas sem interpretações) ao final de cada
mensagem, como que se isto fosse necessário para demonstrar que Deus está
presente e fala pelos seus preletores; muito uso de línguas estranhas na
mensagem (1 Cor. 14:19-22). Veja bem, Deus pode manifestar-se desta ou de
outras formas, mas algo maior no interior do ouvinte deve ser produzido pela
mensagem (1Cor.1:18; 2:2-9). Se a palavra de Deus (a mensagem do Evangelho)
não fizer esta obra através do Espírito Santo (Jo. 16:8-13) os sinais não
alcançarão os seus propósitos, ficarão sem poder para trazer arrependimento,
vida, cura e salvação!
c) prodígios que não levam, os que ali se encontram como ouvintes, a
uma vida intensa com Deus, a uma mudança de caráter, nem se quer a uma
conversão espiritual.
d) vejo se cumprir o que Paulo fala em 2Ts 2:6-12, que já opera o
ministério da iniqüidade (vs. 7), com poder, sinais e prodígios (vs. 9), e isto
porque não estão buscando o conhecimento de Deus, então o próprio Senhor os tem
entregado a uma operação do erro (vs 11). Tudo isto Paulo escreveu para a
igreja, não para o incrédulo. Se isto ocorreria no fim dos tempos, como podemos
ficar cegos a esta verdade e não discernir as maquinações de Satanás (2Cor.
2:10b-11)?
Quando Paulo escreve à igreja de Roma, no capítulo 12, ele a adverte
para que ela se consagre através da humildade e fidelidade (vs.
3; 6-8) no uso dos dons espirituais; então ele fala, que para
alcançarmos este nível de humildade e fidelidade no uso dos dons espirituais
(legitimidade), precisa de renovação da mente, de transformação de pensamentos,
transfigurarmos o nosso entendimento, iluminar os olhos (Hb. 10: 32-38) a fim
de não dividirmos o corpo no tempo da oposição, de não abandonarmos a nossa
congregação (Hb. 10:24-25), ele exorta a deixarmos cair a cegueira espiritual
(2Cor. 4:1-15). Parece que a igreja não sabe ou não quer viver este Evangelho
que Paulo nos pregou: o Evangelho da cruz!
Muitas vezes quando vou a algumas congregações me sinto como se
estivesse no meio de um comércio: pessoas vindo comprar e outras estão
vendendo! Um Evangelho de pura benção, sem tribulações, angústias,
perplexidade, perseguições, e morte por amor a Jesus! Onde estão as pregações
como de Gen. 17:1; Ct. 6:9; At.2:22; Ef. 1:4; 1Pe. 1:1-16; 2:9; 3:3-5; Fl.2:15;
3:15; 2Tm. 2:15?
Vamos nos fazer esta pergunta: De que lado nós estamos? Somos a geração
que se tem levantado com autoridade apostólica e profética, pregando o
Evangelho de Cruz, sacrifício e renúncia (do si mesmo)? Ou do outro lado,
pregando um comércio de almas e bênçãos de cura e prosperidade e querendo ficar
“no monte da transfiguração” e não mais sair de lá (Lc. 21:24; Ap. 11:22;
13:5)? Medite em Lucas 13:32-34 e compare com 2Pe. 3:8 e pergunte: Deus, por
que o tempo de curas e libertações tem passado na tua igreja e já não a vemos
com tanta força? “... e no terceiro dia serei consumado! (completo)”. Há
um que agora cresce em milagres e prodígios para enganar a muitos (2Ts 2:9-12);
ele era uma serpente, agora ele é um dragão (ap.12:9)! Veja, os milagres
e prodígios de Jesus, em sua grande maioria, aconteceram fora dos templos, por
quê?
“Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos, amados do
Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, mediante
a santificação do Espírito, e a fé na verdade, e para isso vos
chamou pelo nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus
Cristo. Assim pois, irmãos, estais firmes e conservai as tradições que vos
foram ensinadas, seja por palavra, seja por epistola nossa (2Ts 2:13-15).”
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